O compositor e escritor Nei Lopes é o terceiro entrevistado da série “Depoimentos Cariocas”, projeto do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro – integrado à Secretaria de Governo e Integridade Pública (SEGOVI) da Prefeitura do Rio – que registra as memórias e reflexões de personalidades que têm o Rio como tema de sua produção. Nascido há 79 anos no bairro do Irajá, na zona norte da cidade, Nei é o primeiro carioca nato a participar da série, juntando-se no time de depoentes ao jornalista mineiro Zuenir Ventura e ao antropólogo niteroiense Roberto DaMatta. A entrevista com Nei Lopes poderá ser vista na íntegra a partir de terça-feira, 13 de julho, às 17h, no perfil do Arquivo Geral da Cidade no YouTube (https://www.youtube.com/user/arquivodacidade), onde podem ser encontradas também as duas primeiras edições de “Depoimentos Cariocas”.
Entre os destaques da entrevista estão as memórias de Nei Lopes sobre sua infância no Irajá e sua passagem por Vila Isabel, onde viveu a partir da década de 1980, tendo colaborado com a escola de samba local, a Unidos de Vila Isabel, como autor de enredos carnavalescos. As lembranças registradas na gravação falam também de momentos vividos na Acadêmicos do Salgueiro, escola de seu coração, onde diz ter experimentado uma das grandes emoções de sua vida no carnaval de 1963, quando a escola alvirrubra conquistou o título, com o enredo “Chica da Silva”.
Sua obra literária também serviu de ponto de partida para outros temas discutidos durante o depoimento, como a liderança política do compositor Paulo da Portela, personagem de livros como “Guimbaustrilho e outros mistérios suburbanos” (2001) e “A lua triste descamba” (2012).
A conversa também passou pela antiga “Pequena África” (região do Centro do Rio que era formada pelos bairros da Saúde, da Gamboa e da Cidade Nova), onde se ambientam obras de sua autoria, como os romances “Mandingas da mulata velha na Cidade Nova” (2009) e “O preto que falava iídiche” (2018).
Já entre os assuntos musicais, Nei Lopes – que é autor de sambas de sucesso, como “Senhora liberdade” e “Gostoso veneno” (ambos em parceria com Wilson Moreira) – também falou de suas referências como compositor, entre elas um samba que ouviu na infância e desde então tem decorado: “Deu cupim” (Henricão e José Alcides). Nei Lopes contou também que para compor as músicas do espetáculo “Bilac vê estrelas” (2014), ambientado no Rio de Janeiro do começo do século XX, recorreu a suas memórias das cantorias informais de sua mãe e a gravações de choros dos primórdios, como os do maestro Anacleto de Medeiros. O trabalho valeu a ele prêmios teatrais importantes, como o Shell.
A entrevista com Nei Lopes foi conduzida pelo Coordenador de Promoção Cultural do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, o jornalista e pesquisador Pedro Paulo Malta, e teve ainda perguntas enviadas por convidados especiais: o violonista e arranjador Luís Filipe de Lima, e a cantora e compositora Teresa Cristina. Já a abertura do depoimento coube à presidente do Arquivo Geral, a historiadora Rosa Maria Araujo.
A professora Terezinha Saraiva e o jornalista e escritor Ruy Castro estão entre as próximas atrações da série “Depoimentos Cariocas”, que a cada mês terá novas entrevistas com memórias e reflexões sobre o Rio de Janeiro.